quinta-feira, 18 de junho de 2009

OLHARES SOBRE LISBOA na Casa da América Latina

Mais uma iniciativa da Casa da América Latina nas Festas de Lisboa 2009. A inauguração da exposição OLHARES SOBRE LISBOA decorreu no dia 16 de Junho. Na exposição, convergem latitudes: de Portugal, de Cuba e da Argentina. Lisboa é a peça que une as fotografias de Vilma Santillán (Argentina) e Gustavo Pérez (Cuba).

O historiador e escritor Rui Tavares aceitou o nosso convite e escreveu o texto de apresentação da exposição, numa visão pessoal sobre os trabalhos de Vilma Santillán e Gustavo Pérez.

O Olhar faz a Cidade

O olhar faz a cidade, e a cidade é interminável. Lisboa é interminável: há aquela em que vivemos e há aquela que desapareceu em 1755 e que nem sabemos se conseguiríamos reconhecê-la, como uma irmã gémea que já morreu mas cuja sombra nos acompanha. Há aquela Lisboa que foi vivida por cristãos, judeus e mouros, visigodos e romanos e talvez gregos e provavelmente fenícios. O primeiro nome oficial de Lisboa é Felicidade: Felicitas Iulia Olisipo. Lisboa era uma cidade estrangeira para os portugalenses: Al-Usbuna, a mourisca, a mais ambicionada. Na idade média escreveram-lhe o nome Lixbona, ou Lyxbuna: faz a abreviatura LX. Sim, a abreviatura mais «moderna» é na verdade medieval. A cidade é interminável, e não argumento mais.

Pouca gente repara que a fotografia é feita pelos outros sentidos para além do olhar. A imaginação completa a fotografia com os sentidos da audição e do olfacto, com o sentido cénico, com o sentido narrativo, com o que não está lá. A imaginação completa a fotografia com as outras artes. As fotografias de Gustavo Pérez são cinema; em particular, curtas-metragens. As fotografias de Vilma Santillán são escultura; de liós, de mármore por vezes. Gustavo Pérez faz ironia. Vilma Santillán faz melancolia. Os olhares de ambos fazem a cidade. São os mais recentes. Obrigado: sejam bem-vindos.

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